REPAVIMENTAÇÃO, 2021 arte contemporânea
Repavimentação é, de certa forma, uma tradução estética da minha relação sensorial com a cidade. É uma série que apresenta simultaneidades, lidando com uma paisagem que é também território para intervenções utópicas.
A minha poética volta e meia se dá sublinhando polaridades. Nesta série, elas podem ser percebidas inicialmente pela escolha das cores (preto e branco nos fundos, azul e branco na camada superior). O uso de planos diferentes, que por um lado evocam o movimento de plano dos aplicativos de mapeamento (olhar de cima para depois olhar de frente), estão lá para apontar uma tensão, uma presença simultânea de dois pontos de vista. É nos elementos em vista frontal que se percebem melhor os detalhes e ao mesmo tempo a gestualidade, e é de onde emergem elementos que apontam para uma dimensão metafísica.
A paisagem aqui tem a potência de traduzir minha relação com o mundo porque carrega em si uma dualidade intrínseca: a da contemplação e ao mesmo tempo a da interação. Eu estou na paisagem, e eu contemplo a paisagem. A paisagem se torna assim metáfora da própria existência como negociação de simultaneidades.